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ILIÁ SELVÍNSKI
Iliá Selvínski (em russo : Илья Львович Сельвинский) é um poeta soviético, nascido na Crimeia, a 11 de outubro de 1899 em Simferopol, então pertencente à Rússia, morto em 22 de março de 1968 em Moscou.
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A poesia de Selvínski, predominantemente narrativa, com utilização constante da língua coloquial, caracterizou-se também por um gosto pela experimentação verbal, o que chegou a criar-lhe dificuldades com os seguidores das normas soviéticas para a literatura.
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No final de sua carreira, porém, reelabora e reedita boa parte dos seus poemas da fase arrojada e construtivista de 1920 e 1930.
ANTOLOGIA RUSSA MODERNA. Traduções de Augusto e Haroldo de Campos com a revisão ou colaboração de Boris Schnaiderman. Apresentação, resumos biográficos e notas de Boris Schnaiderman. Rio de Janeiro: Editôra Civilização Brasileira S. A., 1968.. Desenho
de capa:Marius Lauritzen Bern. (Coleção POESIA HOJE, Série Antologias Volume 17. Direção de Moacyr Felix.
Ex. bibl. Antonio Miranda
ESTUDO alemão, de raiva,
Emparedo-me, eremita...
Ninguém fala uma palavras
De minha língua magnífica.
Zumbe mais negra a ferida,
Silva ríspida a serpente.
Cheguei muito cedo à vida,
Meu tempo me desentende.
Mal-amado, posto à margem,
Há um sentido nesta agrura?
Despenho-me na voragem.
Furor de fonte sulfúrea.
Balneário algum empresa
A fonte inútil que ferve.
Ao mar gelado, sem meta,
Desgarro com minha febre.
Invejando a água que empoça,
Armo sonhos, visões frustradas:
Diminuir, poli a crosta,
Ficar potável, sem juntas.
Mas macio, mais timorato,
Abafar-me com pelúcia.
Ameixa mole num prato,
Verso tépido de Puchkin.
Não adianta ser Colombo...
Mas meu fim demora ainda —
E a mágoa sai como um rolo
De fumaça da narinas.
E estas linhas embaçadas
Como um sopro saem de mim.
Por algum tempo as estradas
Se cobrem de um véu nanquim.
Mas tudo é claro e direto,
Simples como numa tela:
Se a paixão lança um projétil,
No seu fumo se enovela.
A infância dos tempos cessa.
Verás. E ao vento radiante,
O pó das torres supressas
Por tiros de longo alcance.
Cabo Ricárpi, Oceano Glacial Ártico.
1933
(Tradução de Haroldo de campos e Boris Schnaiderman)
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Página publicada em março de 2021
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